domingo, 24 de fevereiro de 2008

Prólogo

Nas ruas de Praga medieval.

Uma sombra deslizou pelo beco.

Sentiu-se estremecer, entorpecido pelo medo, mas tentou mentalizar-se de que nada o perseguia. Em breve estaria em casa, com sua doce Adamina nos braços. Um sorriso surgiu-lhe nos lábios, e tornou-se mais fácil enfrentar a escuridão que o rodeava. Nunca tivera medo das trevas, seria irónico começar a temê-las agora.

Mais uns minutos, não tardaria. Outro arrepio, desta vez mais profundo. Estava a ser seguido, decerto. Os tijolos da parede da casa ao seu lado ensombraram-se; fitou o céu. As estrelas, brilhantes lanternas cintilantes, e a lua, com a sua circularidade perfeita, foram cobertas por nuvens escuras, escondendo a iluminação natural. Como prenúncio da destruição que se adivinhava.

Prevendo-a, em parte, começou a correr, cegamente, os seus sentidos iludidos pelo terror, o coração embatendo, com força, no peito. Sabendo que de nada lhe valeria tentar enfrentar o que o perseguia, fugir era a única forma de sobreviver.

Adamina. Uma imagem de uma jovem assaltou-o, como aviso final. Não escaparia, sabia-o agora, ainda que não deixasse de correr. Tropeçou, continuou. Era, inevitavelmente, a presa. E o caçador não se encontrava muito atrás. Não era humanamente possível enfrentá-lo.

A noite era sombras, e as sombras eram o seu inimigo, e os segundos pareciam roubar-lhe, cada vez mais, o fôlego.

Estacou, ao faltarem-lhe, definitivamente, as forças. Apenas via, à sua frente, um torvelinho de linhas negras. Apoiando-se à parede de uma casa, lutou por ar.

Uma figura alongou-se à sua frente, ganhando forma humana. Era, contudo, mais alto do que seria de supor de um humano. Sim, porque não era um humano, e ele sabia-o. Mas a sua doce Adamina também não o era, e, ainda assim, ele amava-a.

O vulto envergava vestes negras, mais tenebrosas que as sombras que os rodeavam, tão escuras quanto o seu cabelo. Este contrastava com a pele. Oh, quão pálida! Recordava-lhe a da sua amada, mas Adamina tinha cabelos de um loiro brilhante, estrelado.

Suplicar. - Não me mates. Por favor.

Como resposta, o vampiro à sua frente aproximou-se com movimentos felinos. Lânguidamente, encostou a sua boca, de carnudos lábios vermelhos, ao seu pescoço.

Num murmúrio sedutor, antes de o morder, sussurrou-lhe ao ouvido. - Serás a tinta mais rubra da minha paleta.

9 comentários:

Francisco Norega disse...

"Ainda sem comentários" - é o que me aparece aqui.
COMO É QUE É POSSIVEL?!?!?!?

Está excelente, muito bem escrito, como não podia deixar de ser, vindo de duas excelentes escritoras :-P
O ambiente obscuro, vampirico, está muito bem conseguido, apesar de não ser aterrorizador (não sei se o objectivo era provocar arrepios ao leitor, mas até agora só o conseguiu fazer Lovecraft XD).

Termino com um "Parabéns!" ansioso por mais!

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

*cof cof* Foi a Kath que escreveu tudo *cof cof*

E sim, ficou lindíssimo!

Kath disse...

*cof* nada! As ideias também são tuas, portanto o mérito é das duas, hmph.

Laepo disse...

está lindo o texto! adoro a frase final!

quero saber mais sobre a Adamina, vá andem lá!

parabéns às meninas :)

Kath disse...

Vais saber, vais saber. Muahahahah! *riso maléfico de quem vai dominar o mundo*

Obrigada, biscoito. ^^

Francisco Norega disse...

Vamos lá a despachar, Leto! Quero ver mais =P

Laepo disse...

Temos que ralhar com a Leto querem ver?

'bora vá ^^ quero ler mais.

Leto of the Crows - Carina Portugal disse...

Por favor! a faculdade tem dado comigo em maluca, mas já escrevi um bocadinho. No entanto convém que esse bocadinho tenha um tamanho razoável e que a escrita se iguale à da Kath (que só por acaso é muito melhor que a minha xD )

Kath disse...

Que descarada mentira! Tu escreves tão melhor que eu, Leto Maria! Hmph. Mas concordo com mandar as culpas para a faculdade. Abaixo o IST! x)