1ª Parte
Os seus olhos abriram-se num repente, por entre a suave escuridão do aposento. Um aperto estrangulara-lhe o coração numa rajada fria que lhe arrepiou os cabelos.
Os seus olhos abriram-se num repente, por entre a suave escuridão do aposento. Um aperto estrangulara-lhe o coração numa rajada fria que lhe arrepiou os cabelos.
Levantou-se ansiosa da sua cadeira e aproximou-se da janela envidraçada que a deixava perscrutar a noite negra, encoberta num lençol de nuvens obscuras. Abraçou-se a si mesma, sentindo o veludo suave do seu vestido. O seu rosto pálido de beleza estava marcado pela preocupação.
Onde estava ele? Porque se demorava?
*
O pôr-do-sol marcava-se no horizonte, vertendo-se por ele até, por fim, desaparecer. Um longo mês decorrera desde que o seu coração se destroçara pedaço por pedaço. Mas a culpa fora sua. Como não suspeitara? Era um humano, como todos os outros. Iludira-se, contra tudo e todos para repousar as seu lado e sentir os seus ternos beijos numa pele já e para sempre gélida. No entanto, fora vão o amor que florescera dentro do seu peito. Raphael desaparecera adormecido no embalo dos braços de outrem.
Uma lágrima escarlate de dor e mágoa deixou-se escorregar lentamente, acompanhando a descida do Sol no seu esplendor de decadência. Simplesmente, desapareceu...
Três bateres na porta interromperam os seus pensares, levando-a a limpar a lágrima fugaz que se tinha escapulido, com um lenço de algodão rendilhado.
- Sim? – Perguntou, voltando-se para trás.
A porta abriu-se silenciosamente dando a revelar quem a perturbara. Era uma das raparigas da criadagem. A sua tez era tão pálida quanto a sua e os seus trajes eram simples mas limpos, como o seu pai exigia. Todos tinham que obedecer às mais severas ordens, e quem não o fizesse, sofreria as consequências. Tal como lhe acontecera.
- Menina Adamina, o seu pai pergunta se já se encontra pronta. E pede para que desça, o coche já chegou para levar vossas senhorias ao banquete do Grão-duque.
- Sim, desço de imediato – respondeu vagamente Adamina, voltando a olhar pela janela. Fora ali que esperara por ele...
Respirou fundo. Não podia continuar a mergulhar nas profundidades do que já não poderia existir, do que se esvaíra pelos interstícios do engano e da traição.
Pegou na sua pequena mala de mão relutantemente. O Sol tinha desaparecido.
7 comentários:
Está lindo, perfeito! Adoro as descrições, Leto. ^^
Pois... não me convences =P
Hmph, depois já vemos o que dizem os comentadores, e verás que eu tenho razão! Muahahah!
Está tão lindo!! dá vontade de saber mais sobre a Adamina e da sua história!
só não gosto do facto do homem assassinado se chamar Raphael humpf
quero mais *_*
é melhor a Leto ficar convencida, senão estamos mal!
mais?
Hmph, já vai, já vai.
Uma história cruzada por dois estilos que têm algumas diferenças.
Muito bem. Boa harmonia na concretização da dualidade.
E eu gostava de histórias de vampiros. Via a Buffy :)
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